Tem sim uma vida que começa aos 30. Escrevo aqui pensando nas minhas amigas angustiadas com a véspera de cruzar a casa decimal. Não é nada Poliana, nem Amelie; não se trata de olhar o lado bom. Isso é trabalho dos observadores que sabem experimentar pelo lado de fora essa nossa passagem pela linha cronológica que risca nosso rosto e nossas dúvidas. E lembro, no pé do post, com toda licença a que eu possa pedir, do mais célebre deles, o desbravador Honoré, que em um famoso erro de interpretação da literatura deu origem a um termo pejorativo aos eternamente adolescentes latino-americanos. Meninos deste nosso continente púbere.
De nossa parte, meninas, eu pediria, às relutantes balzaquianas, um minuto de atenção silenciosa à essa idade, o verdadeiro aniversário dos hormônios da mulher. 30 anos é uma vitória que conquistamos sem tentar e sem perceber, enquanto colecionávamos, com tanto esforço um a um os erros da juventude.
(para Ana Raquel, Débora, Etienne e Lu, uma palhinha de A Mulher de Trinta. Se alguém não concorda comigo, eu recomendo repetir, como um mantra, até fazer 31 -- ou 32, no caso da Lu, até que as palavras fiquem carimbadas nas paredes do útero, né, Carola?)
"Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer."
Honoré de Balzac in A mulher de Trinta
Um comentário:
Sem dúvida, a melhor idade. Estamos bem fisicamente, experientes e atrevidas. E temos dinheiro pra comprar Loccitane quando a ruguinha teimar em ficar aparecendo. rsrsrsr. lindo texto, querida.
beijo
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